Política

Tarrafal foi laboratório de militantes do processo de libertação nacional

O ministro da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos “Liberdade”, considerou, ontem, na ilha de Santiago, Cabo Verde, que o então Campo de Concentração de Tarrafal, edificado com objectivo de encarcerar e aniquilar psicológica e fisicamente os presos políticos e combatentes da luta de libertação contra a ditadura de Salazar, acabou por converte-se num autêntico laboratório de militantes do processo de libertação nacional de Angola, da Guiné-Bissau, Cabo Verde e dos portugueses que se identificavam com o movimento libertador.

02/05/2024  Última atualização 09H50
© Fotografia por: DR

Ao discursar, em representação do Presidente João Lourenço, no acto de celebração dos 50 anos de libertação dos presos políticos daquele campo, o governante acrescentou que, em Angola, os, "antigos combatentes de primeira hora, foram o suporte principal da Administração do Estado e da definição da linha política escolhida para a afirmação do país no contexto das nações, logo após o alcance da Independência Nacional.

Durante o acto, testemunhado pelos Chefes de Estado de Cabo Verde (anfitrião), Guiné-Bissau e Portugal, João Ernesto dos Santos afirmou que "visitar o então Campo de Concentração de Tarrafal é vir ao encontro da história do longo e penoso mas necessário processo de resistência à ocupação colonial, ao Regime Fascista de Salazar e da Luta de Libertação Nacional dos nossos povos, em que pretendiam perpetuar o domínio”.

"Por cerca de 38 anos que vigorou este campo de concentração, o mesmo passou por várias transformações infraestruturais, todas na perspectiva de dificultar a vida aos presos políticos e combatentes da Luta de Libertação Nacional contra a ocupação colonial portuguesa de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, incluindo portugueses, que para aqui eram desterrados, por oposição ao regime fascista”, lembrou.

Segundo ainda o ministro Liberdade, muitos angolanos, guineenses, cabo-verdianos e portugueses, que se identificavam com a causa das ex-colónias, conheceram este local que também chegou a ser denominado "Campo da Morte Lenta”, pela intensidade do isolamento e torturas a que os seus "inquilinos” estavam submetidos.

"As vicissitudes pelas quais passaram os nossos valorosos e destemidos compatriotas foram relevantes serviços prestados ao processo de libertação dos respectivos países. São, por isso, de elevado mérito todas as homenagens que prestamos aos nossos heróis, em reconhecimento ao sacrifício consentido por todos quantos doaram a sua juventude, incluindo a própria vida”, disse.

Homenagem aos heróis da Pátria

João Ernesto dos Santos informou que o Executivo angolano, liderado pelo Presidente João Lourenço está a dinamizar acções que visam homenagear, o mais condigno possível, os heróis da pátria nas mais distintas etapas da nossa história, com a construção de representações simbólicas, entre as quais monumentos e sítios, infra-estruturas muito importantes no processo de consolidação do ensino da nossa história à juventude actual e às futuras gerações. 

A par das acções mencionadas, disse, o Governo continua engajado no reforço da Protecção Social dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, com a melhoria das suas condições de vida e de seus descendentes.

"É nosso dever moral e patriótico continuarmos a melhorar, permanentemente, as condições de vida desses servidores públicos, que constituem hoje as fontes primárias da nossa história”, defendeu.

O ministro mostrou-se convicto de que "tudo o que fazemos na actualidade para dignificação dos antigos combatentes e veteranos da Pátria é pouco para a dimensão política e estratégica em que se converteu o abnegado sacrifício consentido, pela conquista e preservação da nossa Independência, a nossa efectiva libertação do jugo colonial e a nossa autodeterminação no contexto das nações, conquistas extensivas à Paz e Reconciliação Nacional e ao do Estado democrático de direito”.

João Ernesto dos Santos agradeceu, em nome do Chefe de Estado angolano, o convite formulado para marcar presença na celebração dos 50 Anos da Libertação dos Presos Políticos do Campo de Concentração do Tarrafal. O acto ficou marcado com a inauguração de um centro de documentação do antigo campo na Internet.

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