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Discurso de João Lourenço na Cimeira EUA-África

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O Presidente João Lourenço discursou, esta terça-feira, em Dallas, na 16.ª Cimeira Empresarial Estados Unidos-África, na qualidade de Primeiro Vice-Presidente da Assembleia de Chefes de Estado e de Governo da União Africana.

07/05/2024  Última atualização 19H42
© Fotografia por: CIPRA

Excelentíssima Senhora Embaixadora Linda Thomas, representante do Governo dos Estados Unidos da América;

Sua Excelência Greg Abbott, Governador do Texas;

Excelentíssima Senhora Florizelle Liser, Directora Executiva do Conselho Corporativo para África;

Excelentíssimo Senhor John Olajide, Presidente do Conselho Corporativo para África;

Excelentíssimo Senhor Cynt Marshall, Presidente do Conselho de Administração da Câmara Regional de Dallas;

Caros Convidados;

Minhas Senhoras, Meus Senhores

Gostaria de começar por manifestar a minha grande satisfação por participar, na minha qualidade de Primeiro Vice-Presidente da Assembleia de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, nesta cimeira organizada pelo Conselho Empresarial sobre África, que tem por objectivo fazer reflexões sobre as oportunidades de negócios e as suas perspectivas entre os Estados Unidos da América e o continente africano.

Permitam-me realçar a oportunidade deste encontro, que ocorre num momento em que os Estados Unidos da América e a África, plenamente conscientes do potencial de que dispõem, têm estado a intensificar o diálogo ao nível institucional, no intuito de reforçar as relações de cooperação bilateral e multilateral, num contexto em que os Estados Unidos, com o seu desenvolvimento industrial, a sua capacidade de inovação tecnológica, e a África, com a sua vasta riqueza em recursos naturais, a sua população jovem e o seu mercado em expansão, posicionam-se como parceiros incontornáveis para juntos enfrentarem os grandes desafios da segurança alimentar, da segurança energética, da defesa do Ambiente, do comércio internacional e da economia global.

Esta iniciativa surgevna sequência da Cimeira dos Líderes EUA-África, realizada em Dezembro de 2022 em Washington DC, cujas conclusões abriram perspectivas bastante animadoras para a intensificação de relações de cooperação entre os EUA e o continente africano, mormente no capítulo da construção de infra-estruturas, o que representa um passo fundamental e crucial no processo de desenvolvimento económico e social do continente africano.

As lideranças africanas vêm se esforçando no sentido de alcançar o objectivo de silenciar as armas no continente, combater o terrorismo e as mudanças inconstitucionais de poder e a democracia, criar um bom ambiente de negócios para atrair cada vez mais o investimento privado, para criar riqueza e emprego para as suas populações.

O investimento privado é importante para a economia dos nossos países que precisam de aumentar e diversificar a produção de bens de consumo e serviços, transformar as matérias-primas e diversificar os produtos de exportação.

Contudo, reconhecemos a importância do investimento público e das parcerias público-privadas em infra-estruturas, para o salto que o continente pretende dar e que já chega com atraso em comparação com outras regiões do nosso planeta.

África conta muito com esta nova parceria com os Estados Unidos da América para o financiamento e construção das infra-estruturas de que necessita para o desenvolvimento.

A integração económica das comunidades económicas regionais e de África no seu todo implica haver maior mobilidade, conectividade, maior facilidade de circulação e partilha de algumas infra-estruturas fundamentais entre os países africanos para se poder ligar facilmente os países do norte do continente, do Magreb, ao sul da África Austral, ou os países da costa ocidental africana banhada pelo oceano Atlântico, aos países da costa oriental africana banhados pelo oceano Índico.

Isto só será uma realidade quando se investir fortemente na construção de vias rodoviárias, estradas e autoestradas transnacionais, na construção de mais caminhos de ferro, de mais barragens hidro-eléctricas e respectivas linhas de transmissão, mais quilómetros de cabos submarinos e de fibra óptica, o que vai também viabilizar a efectiva implementação do Acordo de Livre Comércio Continental.

O continente africano conta convosco para aumentar sua capacidade de produção de energia hidro-eléctrica a partir de seus abundantes recursos hídricos, a construção de parques fotovoltaicos de produção de energia solar num continente com abundância de sol que se desperdiça.

As infra-estruturas de comunicação e informação através de satélites, cabos submarinos, redes de fibra óptica e torres repetidoras para a telefonia móvel e expansão do sinal de internet são de importância vital para o mais rápido desenvolvimento de África.

Neste momento em que muito se fala da necessidade da gradual transição energética para se salvar o planeta Terra do efeito de estufa e suas já muito visíveis consequências, gostaríamos de ver o investimento privado directo americano na exploração e transformação, de preferência local, dos minerais críticos abundantes em África, para a produção de baterias para os carros eléctricos, dos painéis solares, dos semicondutores e ships nesta era do crescimento exponencial da inteligência artificial.

Minha Senhoras, Meus Senhores

Para além da necessidade de se garantir a segurança energética, o mundo está sobretudo preocupado com a necessidade de se garantir a segurança alimentar.

Neste capítulo, o mundo deve contar e olhar em primeiro lugar para África pela abundância de terras aráveis, abundância de recursos hídricos, abundância de sol e de mão de obra jovem que fácil e rapidamente pode dominar o manejo da maquinaria agrícola moderna e absorver os conhecimentos das mais modernas técnicas de cultivo.

Precisamos de investimento privado e do know how americano para fazermosvdo continente um grande produtor e exportador de bens alimentares de qualidade para o mundo.

O continente africano pode jogar um papel crucial na superação quer da crise energética como da crise alimentar que o mundo enfrenta. Por isso entendemos que um olhar diferente dos Estados Unidos da América para África pode ser a chave destes dois problemas que afligem a economia mundial. Sejam pragmáticos e não desperdicem esta oportunidade que se abre para o benefício de todos.

Os investidores americanos têm toda a liberdade de investir em todos os domínios das nossas economias onde os estudos de viabilidade lhes garantirem haver retorno e lucros do seu investimento, na indústria, no agro negócio, nas pescas, nos recursos minerais, petróleo e gás, nas rochas ornamentais, na imobiliária, na hotelaria e turismo, nas telecomunicações e outros.

O investimento privado ou em parcerias público-privadas na construção e gestão de unidades hospitalares de referência, na produção local de medicamentos e de vacinas será muito bem-vindo e acarinhado pelos governos africanos no geral.

As nossas Universidades e centros de investigação científica têm todo o interesse em estreitar contactos e trabalhar com.as mais conceituadas Universidades e centros de investigação americanos.

Excelências,

Um importante vector da relação de África com os Estados Unidos da América é o comércio, no âmbito do qual se têm processado operações com vantagens recíprocas para os Estados Unidos da América e para África, que consegue, por esta via, assegurar receitas consideráveis para a concretização de projectos de desenvolvimento sócio-económico.

Temos seguido com atenção e interesse o processo de renovação do AGOA, por se tratar de um mecanismo importante para o enquadramento das trocas comerciais, que pretendemos que seja cada vez mais inclusivo e flexível, para que se possa tirar destes benefícios recíprocos tangíveis.

Permitam-me aproveitar esta ocasião para destacar a grande preocupação comum à maior parte dos países africanos, que se prende com o desafio da dívida pública que temos enfrentado e que condiciona seriamente a execução dos programas de desenvolvimento e que deve merecer a atenção das instituições de crédito, de modo que seja estabelecido algum equilíbrio entre as obrigações perante o credor e os imperativos de execução dos programas de desenvolvimento dos países africanos.

Permitam-me agradecer o convite que me foi endereçado, que me proporciona a oportunidade de contribuir para a construção do futuro das relações económicas entrebo continente africano e os Estados Unidos da América.

Faço votos de que os resultados dos nossos trabalhos sejam devidamente aproveitados para juntos construirmos uma parceria que promova o desenvolvimento económico e social do continente africano e seja, ao mesmo tempo, benéfica para as instituições credoras e investidores privados americanos.

Muito obrigado!

 

 

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